A vida matada e a mata

A vida matada e a mata

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Hoje é a festa de CRISTO REI. Ele é a verdadeira realidade. O restante que mata, oprime é destinado a morrer para sempre. a ser varrido do mundo. Mas no momento são os pequenos a serem perseguidos e nós precisamos reavivar a nossa esperança para prosseguir a luta.

Obrigado Nisio pelas tuas palavras, pelo teu testemunho. Amigos Guarani, vocês são os guerreiros vencedores. Nós estamos solidarios com vocês. Padre Nello

 

Companheiros(as)

 

Enquanto os membros do Conselho da Aty Guasu que estiveram ontem no local do assassinato, vão narrando e comentando as falas e informações, a gente repassa alguns dados e referências ao contexto da luta pela terra, no acampamento Guaiviry. A grande preocupação é com relação de três crianças e adolescentes que, conforme as narrativas dos membros do grupo, foram levadas (sequestradas) junto com o corpo do Nisio.

Se espera efetivo empenho e agilidade na localização do corpo e das crianças. Aaté o momento não se sabe de nenhuma prisão dos responsáveis. Será que estaremos diante de mais um fato de impunidade, como ocorre no caso do Jenivaldo e Rolindo, cujo corpo até hoje não foi localizado?

Abraços

Egon

 

A vida matada e a mata

“Vocês não deixem esse lugar. Cuidem com coragem essa terra. Essa terra é nossa. Ninguém vai tirar vocês…Cuidem bem de minha neta e de todas as crianças. Essa terra deixo na tua mão (Valmir). Guaiviry já é terra Indígena”. Nestes termos se expressou o nhanderu Nisio, baleado, agonizante. Foi isso que relataram aos membros do Conselho da Aty Guasu, que foi levar apoio ao grupo e se inteirar do bárbaro ataque. Conforme relato feito aos membros do Conselho, deram três tiros em Nisio – nas pernas, no peito e na cabeça. E que jogaram na carroceria da camionete, juntamente com o corpo de Nisio, mais três crianças que estavam chorando ao redor do corpo.

Polícia federal, força nacional, especialistas foram ao local da execução brutal do nhanderu Nisio Gomes, no tekohá Guaiviary, no amanhecer do dia 18 de novembro. Sangue Guarani Kaiowá no chão. Rastos do corpo arrastado. Apenas constatações. Um pequeno resto da mata testemunhou mais um assassinato de seus seculares guardadores.

Matam e destroem a mata com a mesma desenvoltura e certeza de impunidade há anos, décadas, séculos. A revolta da Mãe Terra e de seus filhos primeiros chegará. Como diz a canção em homenagem a Marçal Tupã’i “Chegará o dia em que o alto preço dessa covardia será cobrada pelos Guarani”.

Enquanto isso as lágrimas e o sangue continuam banhando esse chão em revolta, em gritos, em protesto. Os ouvidos do mundo não estão mudos. O clamor das vidas e da natureza sacrificada diariamente no altar do progresso, da acumulação do capital, do deus dinheiro, não permanecerão impunes!

Que o sangue de Nisio Gomes Kaiowá Guarani se junte ao coro dos guerreiros da vida para juntos nos unirmos no grito que ressoa mundo afora.

A diocese de Dourados, através de seu bispo D. Redovino, em manifesto declara “Ao mesmo tempo em que lamenta profundamente o novo ataque perpetrado contra os povos indígenas, a Igreja Católica presente na Diocese de Dourados renova seu pedido às autoridades civis, judiciárias e militares para que, de uma vez por todas, recorram a todos os meios para pôr fim uma situação que a todos nos envergonha e oprime, e pede perdão às vítimas de tamanha injustiça e violência, cometida, provavelmente, por pessoas que se dizem cristãs…”

Frente à mercantilização da vida e da natureza, os povos da resistência são portadores de alternativas. É por isso que o sistema da morte procura eliminá-los.

 

A natureza, a Pachamama(Mãe Terra), a Vida: Não se vendem, Nem se endividam! Se defendem!
Não podes comprar o vento,
Não podes comprar o sol.
Não podes comprar a chuva,
Não podes comprar o calor.
Não podes comprar as nuvens,
Não podes comprar cores.
Não podes comprar alegrias.
Não podes comprar minha vida
Vamos desenhando o caminho…
Vamos caminhando
Aqui se respira luta!
Aqui estamos de pé!
(Rua 13-Pasavoz)

Tekohá Guaiviry,
Nisio Gomes Kaiowá Guarani,
Se junta ao batalhão
Dos que tombaram nessa luta
Nativa, milenar!

 

Egon Heck -Povo Guarani Grande Povo
Cimi, 40 anos, equipe Dourados, 19 de novembro de 2011

Egon Dionisio Heck